Quando pensamos em viagens à Europa, é comum que as primeiras imagens que venham à mente sejam de paisagens encantadoras, monumentos históricos e uma rica cultura. Contudo, para muitos turistas, a experiência europeia pode ser manchada por um problema tão antigo quanto as próprias cidades: os pickpockets, ou batedores de carteira. Esses pequenos furtos, embora nem sempre violentos, deixam muitos viajantes frustrados, causando prejuízos financeiros e abalando a confiança em sua segurança.
O fenômeno do furto em espaços públicos é uma constante em qualquer parte do mundo, mas a Europa, por seu forte apelo turístico e grandes aglomerações, tornou-se um campo fértil para a atuação de ladrões especializados em pequenos furtos. O problema é ainda mais evidente em cidades populares como Paris, Roma, Barcelona e Praga, onde turistas distraídos se tornam alvos fáceis. Neste texto, exploraremos a origem, o impacto e as estratégias para lidar com os pickpockets no contexto europeu, além de discutir medidas de proteção tanto para os cidadãos quanto para os turistas.
A prática de furto à mão leve é tão antiga quanto a própria civilização. Registros históricos indicam que, na Roma Antiga, já existiam grupos organizados que se dedicavam a roubar pequenos pertences de transeuntes desavisados. À medida que as cidades europeias cresceram e se tornaram centros de comércio e troca cultural, também cresceram as oportunidades para os batedores de carteira. Feiras e mercados lotados eram cenários ideais para essas atividades. Com a Revolução Industrial e o aumento da urbanização, os furtos em espaços públicos passaram a ocorrer com mais frequência nas grandes cidades europeias.
Nos dias atuais, o modus operandi dos pickpockets mudou pouco em relação ao passado, mas eles se adaptaram à era moderna. Equipamentos tecnológicos como celulares, câmeras e carteiras cheias de cartões de crédito são os alvos preferidos desses ladrões. Com a grande movimentação de turistas em locais icônicos, como a Torre Eiffel em Paris ou o Coliseu em Roma, os ladrões se misturam à multidão, aproveitando distrações momentâneas para agir.
O crime de furto, em si, não envolve violência, o que muitas vezes faz com que os turistas subestimem o risco até que seja tarde demais. Em lugares movimentados como o metrô de Londres ou as ruas de Amsterdã, os batedores de carteira contam com a confusão e o fluxo constante de pessoas para roubar sem serem notados. Para muitos, só é possível perceber que foram vítimas horas depois, quando notam a ausência de um objeto ou o bloqueio de um cartão de crédito.
Os pickpockets representam mais do que um simples inconveniente para os viajantes. Para muitas vítimas, a perda de documentos importantes, como passaportes, ou de recursos financeiros pode ser suficiente para arruinar uma viagem inteira. Além disso, a sensação de violação e insegurança perdura, deixando muitos turistas receosos de voltar àquela cidade ou até mesmo de recomendar o destino a amigos e familiares.
Cidades como Paris, Roma e Barcelona têm lutado para lidar com o aumento desses pequenos crimes, principalmente em áreas de grande fluxo turístico. A polícia local geralmente tem conhecimento dos pontos críticos, como praças e monumentos famosos, e realiza campanhas de conscientização e operações específicas para combater os furtos. No entanto, os recursos policiais limitados, aliados ao fato de que esses crimes são considerados de baixa prioridade, fazem com que muitas vezes os pickpockets escapem impunes.
O prejuízo ao setor turístico é real. Em 2023, por exemplo, os pickpockets foram responsáveis por quase metade dos crimes cometidos na cidade. Isso gerou críticas tanto por parte dos residentes quanto dos visitantes. O impacto econômico é duplo: além da perda direta de dinheiro e objetos, a reputação da cidade como um lugar inseguro pode afastar futuros turistas, prejudicando a economia local, que depende fortemente desse setor.
Uma característica interessante dos pickpockets é a sua discrição e agilidade. Ao contrário de outros tipos de criminosos, os batedores de carteira não querem ser notados. Eles desenvolvem suas habilidades ao longo do tempo, e muitos deles operam em pequenos grupos, onde cada integrante desempenha um papel específico.
As técnicas variam, mas uma das mais comuns é o trabalho em dupla ou trio. Um membro do grupo distrai a vítima – muitas vezes pedindo informações ou fingindo um tropeço – enquanto o outro aproveita o momento para agir. Outra tática frequente é a chamada "técnica do empurra", comum em locais com grande aglomeração, como estações de trem ou metrô. Nessa situação, o ladrão se aproveita do contato físico inevitável para roubar sem que a vítima perceba.
Alguns pickpockets utilizam até mesmo crianças como parte de suas operações. Em muitos casos, as leis locais são mais brandas quando se trata de menores de idade, o que faz com que grupos criminosos treinem crianças para atuar como batedores de carteira. Esse fenômeno é especialmente notável em cidades da Europa Oriental, de onde muitas dessas redes são originárias.
Com o aumento da conscientização sobre o problema, muitos viajantes estão se preparando melhor para lidar com a ameaça dos pickpockets. Entre as medidas mais simples, está a utilização de bolsas e mochilas com zíperes resistentes e a não ostentação de itens de valor em público. Deixar celulares e carteiras nos bolsos de trás é praticamente um convite para os ladrões, enquanto o uso de doleiras e acessórios antifurto se tornou uma prática comum entre turistas experientes.
A tecnologia também tem desempenhado um papel importante na prevenção desses crimes. Muitos aplicativos de viagem e guias turísticos agora incluem alertas sobre áreas onde a atuação de pickpockets é mais frequente, ajudando os turistas a evitarem esses locais ou a estarem mais atentos. Em cidades como Londres e Berlim, a polícia tem utilizado câmeras de segurança e sistemas de inteligência artificial para identificar padrões de comportamento de criminosos em potencial.
Outro avanço importante é a capacidade de rastrear eletronicamente itens roubados, como smartphones. Muitos aparelhos modernos possuem sistemas de localização, que podem ser usados para recuperar dispositivos furtados e, em alguns casos, ajudar a identificar os ladrões. Contudo, essas medidas ainda são limitadas, e a recuperação de itens roubados raramente acontece.
Proteger-se de pickpockets, ou batedores de carteira, é uma preocupação real para turistas em diversas partes do mundo, especialmente em cidades europeias muito movimentadas. Felizmente, com algumas medidas simples, é possível reduzir significativamente o risco de ser vítima desses pequenos furtos. Aqui estão dicas práticas para se proteger dos pickpockets:
Evite guardar itens valiosos em bolsos traseiros ou externos, especialmente em lugares movimentados. Em vez disso, prefira usar bolsas ou mochilas com zíperes e mantenha-as à frente do corpo, onde você pode sempre vê-las. Em transportes públicos ou filas, segure a bolsa com uma mão e mantenha-a perto do corpo.
Uma maneira eficaz de proteger documentos importantes e dinheiro é o uso de doleiras ou cintos de dinheiro (money belts), que são pequenos compartimentos usados por dentro da roupa. Dessa forma, passaporte, cartões de crédito e dinheiro ficam protegidos e longe do alcance de pickpockets.
Nunca guarde todos os seus bens valiosos em um único lugar. Divida seu dinheiro e cartões de crédito em diferentes bolsos ou compartimentos da mochila. Além disso, mantenha cópias de documentos importantes, como passaporte e identidade, em locais separados ou em formato digital, para que, no caso de um furto, você tenha uma alternativa segura.
Pickpockets adoram lugares cheios, onde podem se misturar com a multidão e agir sem serem notados. Lugares como estações de trem, metrôs lotados, mercados e pontos turísticos são terrenos férteis para esses criminosos. Quando estiver em áreas movimentadas, especialmente se perceber empurrões ou situações confusas, redobre a atenção aos seus pertences.
Uma técnica comum de pickpockets é criar uma distração para que a vítima perca o foco de seus pertences. Isso pode ser alguém pedindo ajuda, uma falsa briga acontecendo perto de você ou até uma criança esbarrando acidentalmente. Fique alerta em situações assim e evite desviar sua atenção de objetos pessoais.
Evitar chamar atenção é uma das melhores formas de prevenir furtos. Se você estiver em áreas com grande fluxo de turistas, evite mostrar objetos de valor, como celulares caros, câmeras profissionais ou relógios luxuosos. Não exibir riqueza é uma maneira eficaz de não se tornar um alvo.
Hoje em dia, há uma variedade de mochilas e bolsas projetadas especificamente para proteger seus pertences de pickpockets. Essas bolsas têm fechos ocultos, materiais resistentes a cortes e sistemas de bloqueio. Investir nesse tipo de acessório pode ser uma ótima opção para quem quer se sentir mais seguro em viagens.
Estar atento ao que acontece ao seu redor é uma medida de segurança simples, mas muito eficaz. Pickpockets costumam observar e escolher alvos que parecem desatentos ou distraídos. Se você parecer vigilante e ciente do que está acontecendo, será um alvo menos atraente.
Mesmo em momentos de descanso, como em cafés e restaurantes, os pickpockets podem agir. Nunca pendure sua bolsa nas costas da cadeira ou a coloque no chão sem vigilância. O ideal é manter seus pertences sempre próximos a você ou no colo.
Hoje em dia, muitos de nossos pertences mais importantes, como bilhetes de viagem e documentos, podem ser armazenados digitalmente. Utilize aplicativos de armazenamento na nuvem para guardar cópias de passaportes, reservas e informações de contato. Assim, caso você perca algum documento físico, terá acesso a uma cópia.
Uma das táticas mais comuns entre os pickpockets é a atuação em grupo, onde um membro distrai a vítima enquanto o outro realiza o furto. Desconfie de estranhos que ofereçam ajuda de forma excessivamente solícita ou que tentem chamar sua atenção com histórias ou objetos perdidos.
No metrô, ônibus e trens, os batedores de carteira têm a vantagem da proximidade física. Eles podem agir enquanto você se distrai entrando ou saindo do transporte, ou quando está tentando se acomodar. Sempre fique de olho na sua bolsa e evite tirar objetos valiosos em espaços apertados.
Alguns pickpockets modernos utilizam leitores de RFID para roubar informações de cartões de crédito sem nem sequer tocá-los. Para evitar esse tipo de crime, invista em carteiras ou capas com bloqueio RFID, que impedem a leitura remota dos seus cartões.
Atualmente, é possível usar a tecnologia a seu favor. Há diversos aplicativos e dispositivos de rastreamento que permitem localizar celulares, carteiras e outros pertences. Ativar a função de localização no seu smartphone e investir em pequenos rastreadores pode ser um recurso valioso para recuperar itens roubados ou, ao menos, localizar onde o furto aconteceu.
Quando estiver em uma viagem, utilize o recurso de alertas de transações do seu banco ou aplicativo financeiro. Assim, qualquer transação suspeita pode ser identificada imediatamente. Além disso, evite carregar todos os seus cartões ao mesmo tempo e, se possível, use cartões com limites pré-estabelecidos para diminuir os danos em caso de furto.
Viajar e explorar novas culturas deve ser uma experiência prazerosa. Estar ciente dos riscos de pickpockets é importante, mas não deixe que isso tire o prazer de sua viagem. Com as precauções adequadas, você pode minimizar as chances de ser vítima, aproveitando seus passeios com tranquilidade.
Se, apesar de todas as precauções, você for vítima de um pickpocket, mantenha a calma. Reporte o roubo imediatamente à polícia local e, se necessário, contate sua embaixada ou consulado para obter assistência com documentos perdidos. Além disso, notifique seu banco para bloquear cartões de crédito e débito.
Imagem: lugar movimentado na Europa, com pickpocket. Gerada por IA.
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