Mais caro que um café italiano: taxa de Veneza dispara e divide opiniões

Se Veneza já estava cara, agora ficou ainda pior para quem quer passar apenas um dia por lá. O turismo acessível está com os dias contados?

Veneza, a cidade dos canais, gôndolas e charmosas ruelas, sempre foi um dos destinos mais cobiçados do mundo. Mas tanta fama tem um preço – literalmente. Para conter o excesso de turistas, a cidade italiana implementou uma taxa de entrada em 2024, cobrando um valor simbólico de 5 euros dos visitantes que passam apenas um dia por lá. O problema? Funcionou tão bem que agora decidiram dobrar o valor para 10 euros em 2025!

Isso mesmo: se antes era possível bater perna por Veneza sem grandes custos, agora os turistas casuais vão precisar abrir ainda mais a carteira. A medida está longe de ser apenas uma estratégia financeira – a superlotação da cidade chegou a níveis insustentáveis, e as autoridades vêm quebrando a cabeça para encontrar uma solução.

A cidade afundando… em turistas

Se você já esteve em Veneza nos últimos anos, deve ter notado que andar pelas ruas pode ser um verdadeiro desafio. Milhões de turistas circulam por vielas apertadas, lotam os vaporetos e transformam pontos turísticos em verdadeiras maratonas de empurra-empurra. Sem falar no impacto ambiental: o tráfego intenso de embarcações nos canais também prejudica a estrutura histórica da cidade.

Para tentar reduzir esse problema, a taxa de entrada foi lançada como um teste em 2024, sendo cobrada apenas em determinados dias do ano. E não é que a estratégia deu certo? A arrecadação foi expressiva e, ao mesmo tempo, os números indicam uma leve redução na superlotação – pelo menos para os turistas de um dia.

Agora, com os 10 euros por pessoa, a cidade pretende refinar ainda mais esse controle e ampliar a cobrança para um período maior no calendário. A nova regra valerá em 54 dias do ano, quase o dobro dos 29 dias anteriores. Entre essas datas, estão inclusos feriados prolongados, finais de semana e períodos de alta temporada.

Quem precisa pagar – e quem escapa da tarifa?

Antes de cancelar os planos de viagem para a cidade italiana, vale entender como funciona a cobrança. A taxa se aplica apenas para turistas que não pernoitam em Veneza. Ou seja, se a ideia é passar apenas um dia explorando as ruelas da cidade e depois partir, o valor da entrada será cobrado.

Por outro lado, quem se hospeda em hotéis ou pousadas dentro da cidade não precisa pagar a taxa – mas deve fazer um cadastro online para garantir essa isenção. Além disso, pessoas que passam rapidamente por Piazzale Roma, Tronchetto e Stazione Marittima também são isentas, assim como visitantes das ilhas vizinhas, como Murano e Burano, sem passagem pelo centro.

Mesmo com essas exceções, a polêmica está no ar: será que dobrar a taxa realmente vai reduzir o turismo de massa ou será apenas um novo custo a ser repassado para os visitantes?

O impacto da nova taxa no turismo de Veneza

Se há algo que nunca falta em Veneza, são turistas. A cidade recebe cerca de 30 milhões de visitantes por ano, um número assustador quando comparado aos pouco mais de 250 mil habitantes locais. Em alguns dias de alta temporada, a quantidade de turistas ultrapassa a população fixa da cidade, tornando praticamente impossível andar pelas ruelas sem esbarrar em alguém a cada dois passos.

Mas será que a nova taxa de entrada realmente vai resolver esse problema ou apenas gerar mais receita para a prefeitura? Se olharmos para os números da experiência de 2024, há razões para acreditar que o impacto pode ser significativo.

No ano passado, cerca de 485 mil turistas pagaram a tarifa, resultando em uma arrecadação de 2,4 milhões de euros para os cofres públicos. Com a decisão de dobrar o valor e expandir os dias de cobrança, a expectativa é que esse número cresça ainda mais, podendo ultrapassar 5 milhões de euros em 2025.

Por um lado, essa arrecadação pode ser investida na conservação da cidade, que sofre desgastes naturais e estruturais devido ao grande fluxo de visitantes. Por outro, há quem questione se a medida não é apenas um jeito disfarçado de lucrar com o turismo, sem realmente reduzir a superlotação.

O que dizem as autoridades?

O secretário de Turismo de Veneza, Simone Venturini, defendeu a medida como um passo importante para a gestão sustentável do turismo. Em um evento na feira BIT de Milão, ele destacou que a primeira fase do projeto teve sucesso, desincentivando a visitação descontrolada e ajudando a controlar o fluxo de turistas.

Ele ainda afirmou que a taxa é um mecanismo educativo, incentivando os visitantes a planejarem melhor suas viagens e a valorizarem mais a experiência de se hospedar na cidade ao invés de apenas passar rapidamente.

A iniciativa de Veneza já está servindo de inspiração para outras cidades turísticas, como Formentera, na Espanha, e Quioto, no Japão, que enfrentam desafios parecidos e estudam a possibilidade de adotar medidas semelhantes.

Os turistas aprovaram a taxa?

Se a decisão da prefeitura tem apoio político, por parte dos turistas a história é diferente. Muitos reclamam que a cidade já é cara o suficiente e que qualquer novo custo pesa no bolso, principalmente para quem viaja com orçamento apertado.

Plataformas de viagens e fóruns estão repletos de turistas indignados, alegando que a cobrança é injusta e que o preço dobrado pode afastar visitantes que sempre sonharam em conhecer Veneza.

No entanto, há também quem veja a taxa como uma forma válida de preservação. Para esses, é melhor pagar um pouco mais e poder aproveitar uma Veneza menos lotada do que disputar espaço com multidões em cada ponte ou praça.

O futuro do turismo em Veneza

Mesmo com a taxa em vigor, especialistas afirmam que a medida não é suficiente para resolver o problema da superlotação. Isso porque a cidade ainda recebe milhões de turistas hospedados, que não são afetados pela cobrança.

Além disso, a fama de Veneza continua intacta. A cidade dos canais, gôndolas e palácios históricos é um dos destinos mais icônicos do mundo, e a vontade de conhecê-la dificilmente será barrada por uma taxa de 10 euros.

Por isso, já existem discussões sobre medidas ainda mais rígidas no futuro, como limites diários de visitantes, regras para grupos turísticos e até o fechamento de certas áreas históricas em dias de pico.

Veneza segue em um dilema eterno: como manter seu charme e acessibilidade sem ser engolida pelo próprio sucesso? O que se sabe é que a cidade não pretende parar por aqui, e os próximos anos podem trazer ainda mais restrições para o turismo.

Curiosidades sobre o turismo em Veneza que poucos conhecem

Se Veneza já é um destino fascinante por si só, algumas curiosidades sobre a cidade e seu turismo deixam tudo ainda mais interessante. Quem pensa que conhece bem o local pode se surpreender com esses fatos inusitados!

1. Veneza já teve um problema sério com pombos

Se hoje a superlotação de turistas é o grande desafio da cidade, há alguns anos o problema eram os pombos. Sim, essas aves simpáticas e oportunistas tomaram conta da Piazza San Marco, atraídas pelos turistas que adoravam alimentá-las.

O problema? Milhares de pombos defecando em monumentos históricos e até roubando comida das mãos dos visitantes. A situação ficou tão insustentável que a cidade proibiu a alimentação de pombos e aplicou multas pesadas para quem desrespeitasse a regra.

Hoje, a quantidade de pombos diminuiu bastante, mas a fama das aves venezianas ainda persiste.

2. Não há carros em Veneza – mas existem ambulâncias aquáticas

Se andar a pé por Veneza já é um desafio em meio às multidões, imagine o que acontece quando alguém precisa de um atendimento médico de emergência?

Como a cidade é formada por canais e ilhas, as ambulâncias são barcos, conhecidas como "ambulanza". Elas circulam pela cidade atendendo emergências médicas da mesma forma que um carro faria em qualquer outro lugar.

E não são só ambulâncias! Existem também táxis aquáticos, caminhões de lixo-barco e até barcos para entregas de supermercado. A vida sem ruas asfaltadas exige uma logística completamente diferente.

3. Os gondoleiros passam por um treinamento rigoroso

Ser um gondoleiro em Veneza não é para qualquer um! Essa profissão tradicional exige um processo de treinamento longo e rigoroso, que inclui:

  • Habilidade na navegação dos canais
  • Conhecimento da história da cidade
  • Domínio de pelo menos um idioma estrangeiro
  • Capacidade de cantar ou entreter os turistas

Apenas um número limitado de licenças é concedido por ano, tornando a profissão uma das mais exclusivas da cidade. Ah, e até hoje, a maioria esmagadora dos gondoleiros é composta por homens – apenas recentemente algumas mulheres começaram a quebrar essa tradição.

4. Veneza pode ser atingida por “aqua alta” – e alagar em questão de horas

Uma das características mais famosas (e assustadoras) de Veneza é o fenômeno da "aqua alta", que acontece quando as marés sobem tanto que as ruas da cidade ficam cobertas por água.

Isso geralmente ocorre no outono e inverno, e pode ser um problema enorme para os moradores e turistas. A Piazza San Marco é um dos primeiros lugares a ser atingido, e quem não estiver preparado pode acabar encharcado.

O governo tem investido bilhões de euros em um sistema de barreiras chamado MOSE, que visa conter essas enchentes – mas até agora, a água continua sendo um problema para a cidade.

5. Existe uma ilha misteriosa considerada "assombrada" perto de Veneza

Se Veneza já tem um ar misterioso por si só, imagine uma ilha completamente abandonada e considerada uma das mais assombradas do mundo?

Estamos falando de Poveglia, uma ilha na Lagoa de Veneza que serviu como hospital de quarentena para vítimas de pragas nos séculos passados. Milhares de pessoas morreram ali, e há quem diga que a ilha ainda é assombrada pelos espíritos dos doentes.

Hoje, Poveglia está fechada para o público e é proibido visitá-la sem permissão especial. Mas muitos turistas e aventureiros tentam se aproximar – só para sentir o arrepio na espinha.

A Veneza do futuro: menos turistas e mais controle?

Com todas essas mudanças no turismo, a grande pergunta é: Veneza vai conseguir equilibrar sua fama com a preservação do patrimônio?

O que se sabe é que a cidade continuará a buscar formas de controlar o fluxo de visitantes, seja através da taxa de entrada, de limites de visitantes ou até mesmo de regras mais rígidas para quem deseja explorar esse pedacinho de história flutuante.

Seja como for, Veneza sempre será um dos destinos mais icônicos do mundo, e o desejo de conhecer a cidade dificilmente será barrado por novas regras. Afinal, quem resiste ao charme dos canais, das gôndolas e das ruas cheias de história?

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